Romance


O mundo sem você
De Henrique Szklo

O mundo sem você não é mundo, é a ausência de tudo.
Não há alegria, não há beleza, não há nada.
Apenas um sentimento devastador de desespero que toma conta de mim e me faz querer gritar sem abrir a boca, gritar por dentro, gritar com a alma até que ela se exploda e espalhe suas pequenas partículas pelo universo que conspira a meu favor, mas não o suficiente para brecar a minha própria conspiração a favor não sei de quê.
O mundo sem você é um imenso espaço vazio e amorfo.
Um lugar onde a vida não floresce, onde os pássaros não cantam e onde o sol se recusa a nascer, por medo, vergonha, sei lá. Um lugar frio, feio, inabitável. Terreno fértil apenas para a germinação da angústia e da ideia insuportavel de viver sem você. Um pensamento que me arrebenta, me estilhaça, provocando um efeito cascata que parece invadir todo o meu corpo, inundando cada pedaço meu com a ausência de você, provocando uma dor ancestral, um sentimento dilacerante e inimaginável de perda de qualquer possibilidade de ser feliz novamente.
O mundo sem você é ridículo. Um circo de pulgas rodeado de idiotas por todos o lados, idiotas como eu. Um lugar desguarnecido de mistérios, de energias inexplicáveis, de belezas arrebatadoras, de inteligências primitivas, de tesões inqualificáveis. Um mundo com ausência de amor e excesso de nada que preste.
O mundo sem você é uma piada de mal gosto. É a vitória da mediocridade sobre a liberdade, dos padrões sobre a invenção, da estrutura sobre o vento livre e delirantemente selvagem.
O mundo sem você é apenas um depósito de lixo girando em torno do sol. Nada brilha, nada encanta. O ouro perde seu valor, a água sua pureza, o ar o seu sentido de vida. Não há razão para trabalhar, as viagens são desnecessárias, as celebrações inúteis. A palavra felicidade é banida dos dicionários.
O mundo sem você é um lugar em que não vale a pena se viver. Nem por um minuto. Mas se eu tiver que viver em um mundo sem você, sei que vou morrer por dentro e seguir assim, internamente moribundo, até que o universo me recolha ou me engula de volta, com pena da minha miserabilidade, da minha incapacidade de amar, da inutilidade da minha existência sem você.

Obs.: Texto retirado do http://blonicas.zip.net; visitem que por lá tem muito mais!

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