Acabei de ler: Crime e Castigo - Dostoiévski


Vamos colocar as resenhas atrasadas em dia? Estou com saudade de escrever sobre livros, então, preparem-se!

O livro de hoje para a tag 'Acabei de ler' é Crime e Castigo, escrito pelo gênio Feódor Mikhailóvitch Dostoiévski e publicado pela Livraria José Olympio Editora em 1952 - a primeira edição desse livro que foi traduzida para o português!

Nessa edição, que fazia parte de uma coletânea, a história é contada em dois volumes - são os números 6 e 7 mas eu não tenho os outros volumes da coletânea.


ASPECTOS FÍSICOS
A história do livro nessa edição foi dividida em dois volumes de capa dura na cor vermelho escuro, sem detalhes, sem o título ou o nome do autor. O único modo de identificar qual livro estamos lendo é pela lateral, onde estão as informações em preto e dourado.

Eu adoro livros em capa dura porque ela protege mais e tenho a impressão que valoriza ainda mais o livro. Mas preferia que tivesse um escrito na frente, não seria necessário nada demais, só título e escritor mesmo. Entendo, contudo, que na época esse era o padrão das coletâneas.

As folhas são amareladas - por estilo e devido ao tempo - e nada me incomodou (margens, espaçamentos, fonte ou tamanho da letra) durante toda a história. Apenas na parte de Variantes, em que falo mais adiante, achei o espaçamento pequeno demais e as letras também. 

Os dois volumes têm, ao total, 698 páginas mas a história propriamente dita tem 616 páginas. Tudo isso dividido em seis partes mais um prólogo e um epílogo. E, dentro de cada uma dessas subdivisões, estão os capítulos que são longos - entre 20 e 30 páginas cada um. A tradução foi feita para regras ortográficas antigas - ô língua cricri essa nossa, hein - então, há alguns acentos "errados" e palavras estranhas mas nada que prejudique a leitura. 

Ah, existem várias ilustrações feitas durante o enredo do livro feitas por Santa Rosa. Acho as ilustrações muito bonitas porque são obscuras o suficiente para dar espaço à nossa imaginação também.


HISTÓRIA
As mais de 600 páginas do livro acompanham um período da vida de Raskolnikov, um estudante russo que possui em sua mente um plano para melhorar de vida: matar uma velha que faz penhores e pegar para si o dinheiro e os objetos que ela tem em casa. Tudo começa quando o crime ainda é uma ideia na cabeça de Raskolnikov e como ele se convence, com argumentos lúcidos e não tão lúcidos, de que uma atitude errada - mesmo que esta seja o assassínio - pode ser recompensada por todas atitudes certas que ele irá praticar quando melhorar de vida.

Após, a história acompanha as consequências dessa tentativa de melhorar de vida de Raskolnikov e todos os desenrolares que advêm da história - com personagens como o delegado, o melhor amigo, a mãe, a irmã, a senhoria, a amada que antes era prostituta. 

A grande questão do livro não é o enredo que pode ser comum, não ter nada demais. Mas o que classifica Dostoiévski como gênio é a análise mental que ele faz de cada um dos personagens e, em especial, do seu protagonista. Boa parte das páginas do livro se desenrolam com base em pensamentos, em ideias, em reflexões e em arrependimentos; e, no fim, diversas das atitudes que ocorrem também acontecem devido a esses pensamentos diversos. 

Outra parte muito densa da história são os diálogos, muitas vezes cheios de indiretas, de cercanias e loooongos.


OPINIÃO
Comecei a ler o livro pronta pra sofrer haha porque estava esperando uma leitura muito difícil, ainda mais escrita em português antigo. Mas me surpreendi logo no início! A leitura em si flui tranquilamente em um ritmo rápido e tranquilo, não há muitas palavras difíceis, não há dificuldade na compreensão.

A única coisa que me incomodou nesse sentido é que cada personagem tem muitos nomes diferentes, nomes que podem ser iguais em russo mas pra nós não são. E, às vezes, não conseguia me lembrar dos muitos nomes de personagens secundários e acabava ficando um pouco perdida e atrasando a leitura.
De novo, atenção redobrada aos diálogos!

Fiquei empolgada com a história no início e li rápido a primeira terça parte do livro. Depois, começaram as aulas e a parte do livro que menos gosto porque acho muito enrolado - quem já leu vai me entender que a história é basicamente diferentes versões de uma mesma atitude de Raskolnikov. Chatinho demais. Mas confesso que toda essa enrolação me deixou curiosa para o fim.

E foi quando a leitura engrenou novamente. Não é aquele livro para terminarmos um capítulo e ficarmos ansiados querendo ler o próximo (a mestre nisso é Meg Cabot) mas é livro que dá uma angústia porque, por ele analisar a mente do personagem, acabamos nos colocando no lugar dele.

No fim, não amei a história e achei que poderia ser um livro mais curto sem perder a genialidade mesmo assim. Mas, óbvio, fiquei escandalizada pela maneira com que Dostoiévski conseguiu destrinchar diversos pensamentos humanos. 


EXTRAS
Na minha edição, há três extras: Notas e Rascunhos; Diário de Raskolnikov e Variantes. 

Notas e Rascunhos e Variantes nada mais são do que as anotações de Dostoiévski e seus rabiscos sobre palavras, expressões e modo de dizer a mesma coisa.
Fiquei animada para ler o Diário de Raskolnikov depois que terminei a história mas como ele é curtinho e não vai até as partes mais interessantes, não teve tanta graça assim. O Diário de Raskolnikov existe porque Dostoiévski ao começar a escrita do livro ficou em dúvida se escreveria ele em terceira ou em primeira pessoa e fez as duas versões; no fim, a primeira ganhou e esse diário virou apenas rascunho.


TRECHOS
"Onde é que eu li, penso Raskolnikov, afastando-se, que um condenado à morte dizia, uma honra antes de seus suplício, que se fôsse preciso viver no alto, em cima de uma rocha escarpada, onde não dispusesse senão de uma chapada estreita, da largura dos pés, uma chapada cercada de precipícios, perdida no meio dos oceanos infinitos, nas trevas eternas, numa perpétua solidão, exposto às tempestades contínuas, e se tivesse que ficar ali, sôbre essa largura de espaço, a vida inteira, mil anos, tôda a eternidade, preferiria, ainda, esta vida, à morte? Viver, viver sòmente. Viver, não importa como, mas viver... É a pura verdade, Senhor, a única verdade. O homem é um covarde..." - Págs. 198 e 199
"Aliás, parecia bem mais moça do que realmente era, o que acontece sempre às mulheres que sabem conservar, até a aproximação da velhice, sua frescura de alma, o espírito lúdico e um coração inocente e fervoroso. Ajuntemos, entre parênteses, que êste é o único meio de conservar-se a beleza até uma idade avançada." - Pág. 254
"É de notar-se que a maior parte dêsses benfeitores e dêsses fuias da humanidade tivessem feito correr torrentes de sangue. Concluo disso, em uma palavra, que todos, não sòmente os grandes homens, mas, também, aquêles que se elevam acima da média e são capazes de pronunciar algumas palavras novas, sejam, por sua própria natureza, necessàriamente criminosos, em um grau variável." - Pág. 312

Comprei o livro no Sebo Icária por R$ 25,00 os dois volumes (barato demais pra uma preciosidade dessas!).

E esse livro já apareceu também nesse vídeo do CoisaeTal quando eu estava começando a lê-lo e super animada.

Pra ver quantas estrelas deu pra ele no Skoob ou me adicionar, só clicar aqui.
E podem deixar suas opiniões sobre o livro nos comentários.

Beijos.

2 comentários:

  1. Ótimo livro! Ótima literatura! Literatura clássica não existe precedentes!...

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    1. Verdade, Edson! O livro é impecável!
      Obrigada por visita o blog e volte sempre.

      Beijinhos.

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