Acabei de ler: O Nome da Rosa - Umberto Eco


A resenha de hoje é sobre um clássico da literatura mundial, o livro O Nome da Rosa, escrito por Umberto Eco. Comprei em um sebo essa edição bem antiga (10º edição de 1983) da editora Nova Fronteira


ASPECTOS FÍSICOS
A edição que tenho é bem antiga e, por isso, já está um tanto estragada com o tempo - páginas manchadas e amareladas, além de pequenos rasgos na capa. Ao mesmo tempo que isso me incomoda, sempre penso também que faz parte da magia de comprar em sebos.
Não gosto do desenho da capa, especialmente por conta do vermelho e do desenho abaixo do nome. 
No interior, nenhum aspecto (tipo e tamanho da fonte, espaçamento e margens) incomoda. Não há maiores detalhes nas 562 páginas do livro exceto pela desenho de dois mapas que são essenciais à história. 
Apesar do tamanho, a edição é muito fácil de ser manejada, facilitando muito a leitura.


HISTÓRIA
O livro é um relato feito pelo então noviço Adso que está acompanhando um monge franciscano, frei Guilherme, em uma viagem até um mosteiro no norte da Itália onde foram convocados para investigar uma morte ocorrida lá. 
Durante suas investigações no mosteiro, frei Guilherme acaba por descobrir muitos outros mistérios da abadia como o labirinto que esconde os livros mais perigosos na biblioteca, as passagens secretas e as disputas por poder na doutrina cristã.


OPINIÃO
Sem dúvida, O Nome da Rosa foi o livro que mais demorei para concluir. Na verdade, tudo começa quando eu ainda estava na 6ª série e explorando os livros de séries mais avançadas quando encontrei uma edição d'O Nome da Rosa e resolvi retirá-lo, apesar dos avisos de que era uma leitura difícil. Acabei desistindo na época mas a vontade não passou e resolvi adquirir essa edição e lê-la agora - mas posso dizer que a dificuldade foi grande mesmo agora, tantos anos depois.

O livro tem um história e um escrita extremamente densas. Na edição que possuo, há muitos trechos extensos em latim, sem tradução, o que atrapalha demais a fluência da leitura. A escrita de Umberto Eco é muito refinada mas, por vezes, torna-se maçante com extensas descrições de uma parede ou um quadro ou com conversas longas e permeadas de armadilhas. 

A história do livro é extremamente rica, tanto por seu enredo extremamente intrincado (os crimes, as intrigas e os muitos personagens tornam o livro um verdadeiro thriller) quanto por seu contexto histórico que é muito explorado e explicado durante a história. 
O enredo e o contexto histórico, assim como tornam essa uma grande obra, também a tornam pesada, com uma leitura pouco fluida e arrastada

Demorei para terminar a leitura do livro e acabei me prejudicando também por conta disso, já que fiz uns 3 grandes intervalos, o que foi extremamente ruim para as minhas lembranças dos personagens e acontecimentos do livro. 
Apesar de todos esses defeitos assinalados, preciso destacar o que, para mim, são os dois momentos altos do livro: a primeira vez em que frei Guilherme e Adso adentram na biblioteca do mosteiro - e tentam desvendar seus mistérios - e o final que é acelerado, envolvente e surpreendente!

Terminei o livro com uma sensação de dever cumprido e, devido ao seu ótimo final, com uma opinião boa do livro. Nunca será meu livro preferido e ainda não tenho ânimo para ler outra obra de Umberto Eco mas consigo reconhecer os pontos positivos do livro, mesmo ele não tendo me cativado durante a maior parte da leitura!


TRECHOS
❤ "Pois três coisas concorrem para criar a beleza: primeiro a integridade ou perfeição, e por isso achamos feias as coisas incompletas; depois a devida proporção ou a consonância; enfim a claridade e a luz, de fato chamamos belas as coisas de cor nítida." 
- pág. 92

❤ "Mesmo uma guerra santa é uma guerra. Por isso talvez não devesse haver guerras santas.[...]"
- pág. 182

❤ "Os livros não são feitos para acreditarmos neles, mas para serem submetidos a investigações. Diante de um livro não devemos nos perguntar o que diz mas o que quer dizer, [...]" 
- pág. 361

❤ "Naquele rosto devastado pelo ódio à filosofia, vi pela primeira vez o retrato do Anticristo, que não vem da tribo de Judas, como querem seus anunciadores, nem de um país distante. O Anticristo pode nascer da própria piedade, do excessivo amor a Deus ou da verdade [...]" 
- pág. 551


Alguém já leu o livro - ou viu o filme? O que acharam?
Acompanhem as minhas leitura no Skoob, só clicar aqui!

Beijos.

2 comentários:

  1. Guilherme e Adso não foram convocados para investigar uma morte. Foram até lá porque era um lugar neutro para negociar questões teológicas envolvendo a pobreza de Cristo e seus apóstolos, defendida pelos menoritas, apoiados pelo Imperador Ludovico, mas perseguidos pelo papa herético, João XXII, junto à delegação papal que estava para chegar.

    Nenhum crime tinha sido cometido até a chegada de Guilherme, já que Adelmo - o miniaturista, havia se suicidado. O primeiro assassinato (Venâncio - especialista em grego), ocorreu quando eles já estavam na abadia.

    A vasta erudição de Eco é um deleite para o leitor, repleta de referências intertextuais e muita cultura.
    Fora isso, ainda há as "curiosidades" que dão ainda mais prazer à leitura. Baskerville, o sobrenome de Guilherme, homenageia uma das histórias mais famosas de Arthur Conan Doyle, e faz alusão ao fato de que Eco gostava de Sherlock Holmes. O nome do monge cego; Jorge de Burgos, é uma clara homenagem a outro mestre de erudição, poeta, escritor, que foi por muitos anos diretor da Biblioteca Nacional Argentina, Jorge Luis Borges. (A ligação entre Borges e bibliotecas é extensa e fascinante, inclusive).
    O trechos em latim, são atualmente traduzidos instantaneamente pelo Google, (ainda que de forma imperfeita), e vale muito a pena fazê-lo. Difícil era para os leitores da década de 80 que não dispunham de tradutores on-line, mas nem por isso se intimidavam ou se aborreciam.

    É uma leitura maravilhosa que não tem nada de arrastada, muito menos de maçante, do contrário não teria sido desde o lançamento, em 1980, esse estrondoso sucesso seguido de reiteradas e ininterruptas reedições, cujo interesse não diminuiu, nem cessou, nem mesmo depois que a história foi adaptada para o cinema.

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    1. Muito interessante essas curiosidades que tu citou, não sabia das relações.
      Pontuei na resenha que, apesar de ter tido uma leitura difícil com o livro, acabei gostando do enredo e do desenrolar. Mas é justamente por isso que cabem muitos estilos e gostos em diferentes tipos de literatura. Gosto demais de clássicos mas compreendo que algumas leituras serão mais agradáveis para mim e outras menos.
      Outro fator que acho beem interessante é como amadurecemos para a obra também. Não li novamente O Nome da Rosa mas, com certeza, a experiência seria bem diferente hoje em dia.

      Obrigada pelo comentário! Essa troca é muito interessante, cada experiência é única com o livro.

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