Trote Sujo e Educação


Nos últimos dias, muito se falou e, nos próximos, muito continuará sendo falado sobre os trotes sujos aplicados a calouros por seus veteranos. Sendo esses, supostamente, desconhecidos da direção dos cursos.  Eu, como universitária e como pessoa de personalidade forte e opiniões fortes, vim aqui falar um pouco a minha versão sobre toda essa história repetida semestre após semestre na maioria das universidades.


O caso que aconteceu que está mais próximo a mim foi o trote da engenharia civil da UFRGS onde os grandes absurdos são os calouros segurando uma cabeça de porco (assim, inteira mesmo e, dizem, precisando beijá-la) e depois tomando banho com um água misturada com vísceras de peixe. 
Além desse, o caso que mais me chocou foi o da UFMG, onde estudantes de direito pintaram uma caloura com tinta preta, colocaram uma placa com os dizeres 'Caloura Chica da Silva', a acorrentaram e fotografaram. Em outro caso, na mesma universidade, um calouro foi amarrado com fita adesiva a uma pilastra e seus veteranos ficaram lado a lado com ele fazendo gestos nazistas (um deles com um bigode no estilo do de Hitler desenhado em seu rosto).
Esses foram os acontecimentos mais divulgados e que mais chamaram a minha atenção mas ele ocorrem no meio de diversos outros espalhados pelo Brasil.

Para começar, gostaria de falar que sou totalmente contra o trote sujo. Não acho engraçado, não acho que seja um rito de passagem, não acho útil, não acho integrador; por isso mesmo, não participei do meu quando passei no vestibular e nem apliquei nos meus calouros quando eles passaram. Simplesmente porque não vejo sentido mas isso sou eu. Felizmente para todos, vivemos em um país onde as opiniões são ou deveriam ser respeitadas e cada um pode agir segundo seus próprios critérios e vontades. 
Vamos começar pela hipocrisia da direção da faculdade que, em ambos os casos, disse não estar ciente da realização desse tipo de trote. Mentira! Eles sabem e também aprovam as atitudes ou vetam aquelas que acham muito agressivas. É muito mais fácil para a faculdade negar para a mídia que "compactua" com o trote sujo do que realmente impedir que ele ocorra.


O meu desejo era que o trote sujo realmente fosse totalmente proibido nas faculdades simplesmente por ser uma falta de respeito. Mas, deixando de ser tão radical e não acreditando que os veteranos fossem realmente acatar essas proibições (é muito simples programar um trote sujo fora das dependências da faculdade - vários, inclusive, já o são), uma alternativa seria que os estudantes conhecessem os limites e as consequências de suas brincadeiras. Que eles não desconsiderassem tudo que aprenderam para passar no vestibular para, obviamente, não cometer atos ofensivos e desrespeitosos com povos, etnias, raças (ou contra qualquer ser humano) que já sofreram tanto.

Essa percepção e aplicação de limites, contudo, precisa vir de muito antes. Começa com a educação dada pelos pais, passa pelas escolas primárias e chega até a própria personalidade da pessoa. Ou seja, um processo sofrido tanto para o mestre quando para o aprendiz. 
Bem mais fácil escrever um texto defendendo a humilhação pública no Facebook!

Assim, quero comentários e opiniões diversas ou não sobre o assunto. 
Só comentar ou mandar e-mail para coisaetal.fer@gmail.com.

Obs.: Marcelo Rubens Paiva, um dos melhores escritores brasileiros, fez um artigo muito bom sobre o assunto aqui. Vale a pena ler!

Fotos: Divulgação

7 comentários:

  1. Acho desnecessário, mas sei que isso não acontece em todas faculdades.. Na sua faculdade foi um trote desse tipo ou foi mais calmo ?

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    1. Foi um trote sujo bem mais calmo mas sempre temos a opção de não participar. Eu não participei. E acho isso muito legal. Óbvio, que as pessoas possam recusar a participação sem sofrer consequências depois.
      Mas, de qualquer forma, ele é bem mais leve. Esses casos do post são casos extremos.

      Além de que, aqui na faculdade tem muita gente que se esforça pra fazer o chamado Trote Solidário, que visa recolher alimentos pra instituições necessitadas e doar sangue. Bem mais útil.

      Obrigada por comentar e volte sempre, Anônimo! =DD

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  2. Ah, que bom saber. Nós vestibulandos ficamos com medo por causa da pressão que colocam na gente, dizendo que somos obrigados a participar do trote.
    Andei afastada do blog por motivos de estudos (vestMED), mas sempre que posso dou uma passadinha pra ler. Achei teu blog bem interessante, acabei descobrindo ele enquanto pesquisava sobre os trotes da ufpel HEHEHE' Obrigada (:

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    1. Oi, Amanda.
      Tu já é bixo ou está ainda na batalha?
      Mas olha, te digo. E isso serve pra qualquer faculdade. Ninguém pode te obrigar, se começar o trote e tu não quiser participar, vá embora.
      E volte sempre que tiver um tempinho.

      Beijinhos.

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  3. Eu tô na batalha, fiz ENEM ano passado pra teste e minha nota foi bem baixa. Agora preciso estudar mais e correr atrás de cursinho. Sabes qual foi a nota mais baixa da medicina ufpel ? Já ouvi falar que com uns 730 dá pra entrar, mas a intenção é sempre tirar mais, né ? Ah! Desculpa incomodar.. HSUAHSAUHU :p
    Claro, acho que todos deveriam ter consciência disso.
    :*

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    1. Sim, acho fundamental fazer um cursinho porque é no cursinho que a gente aprende muitos segredinhos do vestibular que independem de saber a matéria. Além de que, normalmente, os professores são excelentes!
      Então, depois que passei deixei de acompanhar, mas eu fiz 780 no Enem e entrei na segunda chamada. Então, imagino que a nota mais baixa fique entre 750. Mas isso na minha época também.

      Eu acho o Enem a forma mais fácil de passar no vestibular porque é preciso mais calma, paciência e interpretação de texto. Em outros vestibulares, é preciso muito mais matéria. Mas, óbvio, que isso depende de que tipo de prova ela prefere.

      E não incomoda, não. Pode pedir o que quiser que respondo com o maior prazer.
      E bons estudos, é só se dedicar e não se abater porque não é fácil e não é fácil pra ninguém.

      Beijos.

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    2. Ah, muito obrigada pelas dicas então!! Te desejo muito sucesso e sorte nessa profissão que muitas não é tão valorizada quanto deveria ser..
      Voltarei sempre que puder!
      Beijos :*

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