E agora?

Um título, mas não qualquer título

Fiquei muito tempo pensando o que eu iria escrever, como, dessa vez, eu iria me expressar. Pensei até chegar à conclusão que uma página em branco expressa mais meus sentimentos, dessa vez, do que qualquer palavra, qualquer frase e qualquer texto. Justamente por isso, uma folha em branco não é qualquer.

Em algum momento da vida, você percebe que existem folhas em branco que dizem muito mais do qualquer outra forma de expressão que você possa encontrar. Simplesmente, porque numa folha em branco cabe tudo, tudo que provavelmente não caberá nas palavras.
Aí, quando você se conscientiza disso, de que se expressa melhor por uma folha em branco do que com palavras, você começa a ficar com “nóias”. Será que estou perdendo a inspiração? Ou será que nunca tive? Inspiração é algo que vem e volta ou algo que nasce e morre com você? Será que minhas angústias, felicidades e problemas eram tão pequenos que eu os conseguia expressar com palavras ou será que é esse caso específico que é muito maior do que qualquer coisa imaginável? Será mesmo que a vida de uma pessoa pode ser lida? Será mesmo que minha vida inteira está no meu diário?
Você para e diz pra você mesma, mas e se eu não souber mais mesmo escrever, o que, além disso, eu sei fazer bem?! Nada! Será mesmo que é possível transmitir toda essa minha angústia para quem está lendo esse texto, ou será que quem está lendo, está lendo por ler? Será que alguém, em algum momento da história, lerá meus textos e minhas memórias?
Por que não encontramos nosso amor em um livro? Talvez porque ele é só palavras, e um amor verdadeiro deve ser vivido e não apenas, escrito!
É esse o ponto, o “xis”, como você quiser chamar. Amores não podem ser expressados em palavras, amores devem ser vividos, sentidos... Talvez por isso eu tenha sempre essa sensação de que não falei tudo que tinha para falar para ele, porque o que tenha para mostrar e para dar para ele, não possa ser transmitido com palavras, e sim com gestos; gestos esses que não podem acontecer.
Talvez a errada durante todo tempo tenha sido mesmo eu, talvez todos princípios, todos conceitos e tudo mais que defini esteja mesmo errado. Afinal, como posso eu (e quem sou eu?!) pensar que palavras, textos e livros não expressam tudo que precisam expressar se essa é uma das formas mais antigas de passar o sentimento? Será que toda a humanidade está errada? Não! Provavelmente, não. Felizmente, a errada, acredito, sou eu.
Quem seria eu sem os livros? Quem seria eu e quais realmente seriam meus conceitos sem os livros? Talvez esteja cuspindo no prato que comi. Mas, o que me está faltando? Por que em tempos atrás livros me satisfaziam, com suas histórias fantasiosas, me faziam chorar, rir, amar e sonhar e agora, quando mais preciso disso, eles não mais me satisfazem? Não mais me fazem sentir tudo que um dia eu senti. Nem mesmo relendo livros dos quais me lembro terem sido marcantes; as coisas se tornam piores quando os releio, porque percebo que eles, nem eles, me tocam mais.
Será mesmo que me tornei tão dura a esse ponto? A ponto de não conseguir sentir mais nada, nem um mundo totalmente fora do meu? Porque, isso admito e não nego, nesse mundo em que vivemos, nada mais me espanta, me fascina e me destrói. Aprendi com todo o resto da humanidade a digerir, a superar e a seguir em frente.
Queria voltar a ser aquela menina. Aquela menina que tinha sentimentos à flor da pele, que chorava, que sorria, que amava à velocidade da luz.
E não, não é perda de tempo ficar relembrando o passado, ele não volta mais, é verdade, mas é por causa dele que somos o que somos. E quando percebemos que poderíamos com ele ter trilhado outro caminho, ficamos assim, saudosistas toda vida.
Queria voltar para aquele dia em que tudo aconteceu. Ou simplesmente para aquele tempo em que ele tinha tempo para mim. Não que eu não tenha aproveitado esses momentos, tirando deles o máximo de felicidade que podia, ao contrário. Queria que eles voltassem, simplesmente, porque cada momento desses é muito curto e cada momento de solidão muito grande.
Não quero viver numa luta eterna para que momentos bons supram os ruins, quero saber e ter a consciência de que na minha vida, os momentos bons são, efetivamente, maiores que os ruins.
Não quero me iludir e imaginar momentos porque se não, tudo se resumiria a tristeza; quero viver esses momentos inesquecíveis, quero que eles não me sejam tomados assim tão rápidos.
Sinceramente, não quero e não me preocupo em saber se não vou ser nada na vida se realmente não tiver inspiração pra escrever. Quero apenas que o meu hoje seja feliz para que eu não precise ficar eternamente olhando para meu passado remoto, mas que eu posso olhar apenas para o ontem e ver que ele foi feliz.
Quero poder escrever sobre meu dia e reler daqui a algum tempo o que escrevi. E que essa leitura me traga toda a felicidade que um dia, nesse dia, eu vivenciei!

Obs.: Como sempre quando o texto é de minha autoria, espero que gostem e que não copiem sem os devidos créditos! ;D

2 comentários:

  1. Que lindo Fêh. Acho que vez ou outra o sentimento é tão intenso que não conseguimos nem falar nem escrever sobre. É bom que fica só pra gente, na nossa memória, onde tudo pode ser perfeito.

    Vidas em Preto e Branco

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    1. Nossa, Lary! Que louco você vir comentar nesse texto!
      Muito antigo! Li ele toda agora de novo e é tão maluco isso, tantos sentimentos diferentes! E incrível como um texto consegue armazenar sensações e nos levar de volta pra esses momentos!
      E fico muito feliz que tenha gostado!

      Beijos.

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